A ruptura do tendão de Aquiles

É o tendão mais forte do corpo humano e também o responsável pelo fim de algumas carreiras desportivas. Se para um jogador de futebol a ruptura do tendão de Aquiles pode ser um verdadeiro pesadelo, um dos grupos de maior risco acaba por ser o desportista acidental.

 

Henrique Jones, médico especialista em Ortopedia, Traumatologia, Medicina Aeronáutica, Medicina Desportiva e nada menos do que um dos médico da Selecção Nacional de Futebol, refere que a ruptura do tendão mais forte do nosso corpo está ligada a alguns fenómenos, nomeadamente ao escalão etário: “E uma estrutura que rompe normalmente a partir dos 30, e maís sobretudo a partir dos 35 anos.

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O tendão já não tem a vitalidade que tinha na década dos 20 anos, provavelmente foi sujeito a stress ao longo da sua vida, pode haver uma degenerescência do próprio tendão e a força muscular, dos músculos que compõem esse tendão, também já não é a mesma”.

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Os factores que podem levar a uma ruptura do tendão de Aquiles são diversos, e poderão estar relacionados com processos inflamatórios prévios. São as tendinites e as paratendinites, normalmente associadas a actividade física esporádica e mal orientada. Uma dor sistemática na zona do calcanhar a que não se liga, a falta de aquecimento adequado antes do exercício e dos alongamentos necessários, a utilização de calçado desportivo mal desenhado são alguns dos factores que podem precipitar uma ruptura.

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A ruptura do tendão de Aquiles pode ser espontânea, mas é passível de prevenção, feita através de trabalho muscular. O estiramento regular dos gémeos e o trabalho de treino de equilíbrio dos tornozelos são importantes. “Mas há outra coisa de que muita gente se esquece, os tendões, em todas as idades, são ávidos de água. A desidratação é mais um factor de grande importância nas lesões tendinosas e na ruptura do tendão. E não é por acaso que estes indívíduos além de serem praticantes esporádicos de desporto também se hidratam mal. Se calhar estão uma hora ou mais a praticar futebol sem beberem água. Num tendão que está pouco resistente, já está doente e não está hidratado são factores importantes” salienta Henrique Jones, para quem “a chave para uma prevenção das lesões do tendão de Aquiles, independentemente das rupturas espontâneas, é exercício físíco regular exercício localizado regular que sobretudo privilegie os alongamentos, uma boa hidratação e todas as regras de higiene de vida, incluindo a parte dietética, que é importante na manutenção de um bom estatuto muscular e tendinoso”.

UMA DOR “EM PEDRADA”
Os sintomas de uma ruptura de tendão de Aquíles são imediatos. “É uma sensação de que qualquer coisa bateu atrás, uma sensação momentânea de uma dor lancinante ‘empedrada’. Depois, obviamente, a pessoa tem dificuldade na marcha. Em termos dolorosos, após o episódio inicial, até pode ser uma lesão que não dá grandes dores”, refere o ortopedista, salientando que é fundamental recorrer ao médico o mais depressa possível: ‘Cinco dias é o prazo aceite uníversalmente como o ideal para tratar este tendão. Pode alargar-se este prazo até aos dez dias. Depois, já é uma decisão que tem de ser pensada em termos cirúrgícos, e sobretudo em relação à técnica cirúrgica a empregar’

 

A CIRURGIA MINI-INVASIVA 
Em Portugal já está disponível uma técnica minimamente invasiva de reparação do tendão de Aquiles, através de um pequeno aparelho chamado ‘Achillon’ Veio da Suíça e está indicado nas chamadas rupturas frescas, ou seja, até aos dez dias, embora possa haver casos que ultrapassem um pouco este limite de tempo e possam ser operados com sucesso. A grande vantagem deste sistema minimamente invasivo de sutura do tendão de Aquiles é o tamanho da incisão que permite fazer para a intervenção:
um pequeno corte que pode variar entre um centímetro e meio e os dois centímetros. Apesar de ser mini-invasivo, é um procedimento que permite controlo visual directo da reparação.
O Sistema Achillon permite intervenções em rupturas localizadas entre os dois e os oito centímetros acima do osso do calcanhar (o calcâneo), quer seja uma ruptura aberta ou fechada. Seguindo o protocolo de recuperação específico após uma cirurgia ao tendão de Aquiles, é possível retomar uma actividade fisica muito próximo do nível que existia antes da ruptura.

AGRADECIMENTOS – Dr. Henrique Jones — Clínica doS. João de Deus e Centro de Reabilitação e Traumatologia do Barreiro Dr. Virgílio Severino — Hospital Ortopédico do Outão e Clínica Médico Cirúrgica Clínica S. João de Deus, Lisboa

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